CAIA NA REAL (Cont.)

Uma outra qualidade que pode ser associada com os góticos cristãos é que eles estão ligados à realidade. Eles não têm medo de ver como as coisas realmente são, não importa quão dolorosa ou perturbadora a realidade pode ser. Eles preferem ser magoados pela verdade a ser entretidos por uma mentira.

Jesus demoliu as máscaras das pessoas e viu seus corações, seus motivos mais íntimos. Ele não era de forma alguma ingênuo do que as pessoas pensavam acerca d'Ele. Passagens como Lucas 2:35, Mateus 9:4, Marcos 2:8, Lucas 5:22 e Mateus 23:26 provam isso.

E Jesus não tinha medo de falar isso como realmente é. Ele não adoçou Sua mensagem ou deixou-a aguada. Ele viu a realidade como ela era e falou a verdade, mesmo quando a verdade não era "bela". Em Mateus 23:27, Ele viu diretamente através da charada religiosa dos fariseus, expondo seus motivos verdadeiros. Ele os chamou de tumbas lavadas *sepulcros caiados* - que parecem belas por fora, mas por dentro são cheias de morte e imundícias. Em João 6:60-61, até mesmo os discípulos começaram a murmurar contra o "duro" discurso de Cristo. "Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto [o discurso de Cristo], disseram: 'Duro é este discurso; quem o pode ouvir?' Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: 'Isto vos escandaliza? . . . as palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem.'" Jesus não era apenas um homenzinho aconchegante e barbudo que falava de "amor" o tempo todo. Muito de seus ensinamentos eram duros, mas ao menos estavam ligados ao mundo real.

O Cristo Artístico:
Os góticos são conhecidos pelo seu amor pela literatura, poesia, arte, música, e pelo gosto. E Cristo era um artista e poeta também. Suas eloqüentes parábolas eram a epítome da perfeita oração e literatura. Quem mais poderia fazer tais significantes e sérias mensagens tão artisticamente que apenas a verdadeira sabedoria poderia discernir seus significados?

E assim como os góticos são conhecidos por seu amor por autores clássicos como Edgar Allan Poe, Mary Shelley, Bram Stoker e tantos outros, assim Cristo também era capaz de ler e entender a clássica literatura de Sua época (as escrituras judias) melhor que qualquer outro. Ele era capaz de apreciar a mensagem e a poesia da Palavra de Deus sem buscar os "resuminhos".

Jesus estava passando por necessidades, e então proferiu "As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça"; existe forma mais bela de dizer que passava por necessidades? A genialidade de Cristo transpõe Sua sabedoria e Seu conhecimento.

Tolerância:
Embora o termo "tolerância" seja usado muito na cultura Ocidental atual como aceitar todos os outros pontos de vista como uma verdade inquestionável, a frase ainda pode ser usada para recorrer à tolerância às diferenças naturais das pessoas. Cristo tolerou e aceitou os intocáveis da terra.

A situação de 2000 anos atrás era de uma cultura altamente patriarcal. Os homens eram avaliados superiores às mulheres, o testemunho de uma mulher valia só a metade do testemunho de um homem, e às vezes, aos homens nem mesmo era permitido se associar com certas mulheres.

Porém, Jesus Cristo aceitou a mulher pecadora que veio O ver enquanto jantando na casa de um fariseu, enquanto o fariseu se considerou muito superior e poderoso para estar perto da mulher arrependida (Lucas 7:38-39,50). Ele interagiu com a mulher samaritana que não só era uma mulher, também era gentia e de vários casamentos (João 4:9). Este era um dos maiores tabus que Ele poderia ter cruzado.

Jesus não viu nenhuma diferença entre o valor espiritual de um homem e uma mulher, ou entre um judeu e um gentio. Na realidade, o Filho de Deus escolheu viver entre os gentios (Mateus 4:13) e até mesmo elogiou a fé do gentio que confiou em Deus (Mateus 5:24-28).

Jesus andou com pessoas a quem a sociedade considerou inaceitável. Ele foi se encontrar pessoalmente com o doente, o endemoniado, as prostitutas, pecadores, e coletores de impostos (Mateus 8:1-4, 14-17, 28-34, 9:1-7, 10-13; Lucas 15:1).